Ela chega para muitos em momentos alegres e festivos, disfarçada de um “up” para aguentar as intermináveis horas de festa, perder a timidez, curtir melhor a experiência da música em baladas e raves para um sexo maravilhoso.

O efeito é bom. Ou melhor: ótimo. O nosso grande erro foi mentir aos jovens, porque a experiência imediata pode ser incrível. Ao estimularemos neurônios dopaminérgicos, há uma produção acima do normal da dopamina por estes, causando as sensações prazerosas. Quem não quer ser feliz, sem trabalho, em minutos?

O problema é que, após a primeira vez, vem o risco de se querer mais. A armadilha está aí. Quando a pessoa tem algum nó na vida pessoal, vai ver na droga uma válvula de escape. Nasce o ciclo do usuário, ou vício.

Com o tempo o efeito inicial das drogas já não é mais alcançado com a mesma intensidade; por isso é necessário aumentar as doses e constância no uso. Assim como os medicamentos, quanto maior a dose, maior os efeitos colaterais: as drogas vão agredindo todo o organismo.
Mas o pior estrago é o mental. Ela consegue, pouco a pouco, roubar a capacidade de juízo de valor do usuário, que começa a fazer coisas que jamais faria no passado.
Alterações no humor, perda de motivação para tarefas do dia a dia, insônia ou sonolência e ceder a pequenos delitos começam a se tornar rotina. E aquela dose de euforia e alegria se torna o pior dos infernos na vida do usuário e de toda a família.

Separei algumas dicas úteis que vão ajudar quem está na luta para abandonar o vício de uma vez por todas:

  1. Seja comprometido

A menos que você esteja seriamente comprometido com a tarefa de acabar com seu vício, você não conseguirá. Entenda que leva tempo para ficar sóbrio e você precisa ser paciente e motivado. Esta motivação pode vir de muitas coisas. Por exemplo, você deseja reconstruir seus relacionamentos com seu parceiro ou seus filhos. Considere criar uma lista de todos os motivos que servirão de estímulo para resistir à tentação da recaída.

  1. Trabalhe com um conselheiro

Mesmo depois de ter decidido abandonar as drogas, você ainda precisará da ajuda de especialistas para lidar com as oscilações e permanecer motivado. O aconselhamento individual e em grupo pode fazer a diferença. A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é especialmente benéfica na identificação do que faz você recorrer às drogas.

  1. Exercite-se regularmente

O uso das drogas traz um prazer que precisa ser substituído. E nada melhor que exercitar-se para alcançar uma sensação de bem estar. Atividade física regular ajuda a aliviar o estresse e a fazer você se sentir melhor consigo mesmo. Avalie a possibilidade de ingressar em uma academia e trabalhar com um personal trainer para não desanimar.

  1. Crie um plano

Você precisa mudar seu estilo de vida e descobrir o que pode tentá-lo a se render às drogas mais uma vez. Fazer e seguir um projeto de vida nova pode ajudar a mantê-lo no caminho certo e desviar de situações gatilho.

É importante se planejar para lidar com as mais diversas situações. Você deve considerar todos os aspectos de sua vida, como relacionamentos, trabalho, interação com amigos, carreira profissional, etc. Exemplo: encontros sociais:  esta roda de amigos me ajuda ou atrapalha em minha meta? O meu emprego está ok ou devo procurar um trabalho que não me sinta consumido pelo estresse?  É preciso modular sua vida para vencer o vício.

  1. Obtenha incentivo

Você pode facilitar muito as coisas encontrando o suporte em grupos de apoio onde se é possível ouvir o testemunho de pessoas que conseguiram se livrar do vício.

Você precisa pensar que, se eles venceram, você também pode. Uma mentalidade reprogramada para abraçar a vitória potencializa muito suas chances de sucesso.

  1. Cuide da sua saúde

Você precisa ingressar num estilo de vida saudável. Além de atividade física regular, dê atenção à sua dieta, ingerindo refeições nutritivas. Cerque-se de bons amigos, retome hobbies que um dia te deram prazer, procure novas ocupações e aprendizados, leia muito, escreva também.

Atividades como yoga, reiki, meditação e atividades similares podem oferecer calma interior aos praticantes. É de grande valia.

  1. Tenha um médico de confiança

É muito comum um adicto se ver tomado por crises de ansiedade, fases de depressão e até mesmo recaídas. Além da necessidade de ele mesmo promover mudanças em sua vida, em muitos casos faz-se necessário o uso de medicamentos para controlar as oscilações de humor e efeitos provenientes da abstinência. O médico pode receitar estabilizadores de humor, indutores do sono caso o paciente tenha insônia, por exemplo. O que tomar, como tomar e por quanto tempo só um psiquiatra pode prescrever. O tratamento deve ser seguido à risca e encarado como um importante ajuda na recuperação.